sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Aulas 2 - 5ºs Anos (UME Santista)

A segunda aula com a turminha dos 5º anos foi a fim de esclarecer o que é essa aula nova com nome de Teatro que poucos deles tem clareza do que realmente se trata.


  • A principio, estimulei um bate papo sobre "O que é Teatro"...os questionando sobre isso. Poucos deles conseguiram formular alguma resposta e os que se arriscaram usavam palavras soltas e superficiais. Expliquei que era importante além de fazermos algo, saber o que estamos fazendo. Logo depois perguntei a eles o que é Futebol, e vieram muitas respostas animadas e corretas: um esporte, onde jogamos pra fazer gol, etc. Então eu disse a eles que é normal que eles saibam dizer o que é Futebol e não saibam dizer o que é Teatro, pois o Futebol faz parte da vida deles desde sempre, mas que eu gostaria que eles soubessem falar sobre Teatro da mesma maneira. Assim, utilizei o futebol como comparativo como sempre faço! Expliquei que futebol é um Esporte, entre tantos outros (e deixo que eles falem outras modalidades), e então eu contei que o Teatro é uma Arte, e que Arte, assim como o Esporte, existem várias diferentes. Falei de Música, Dança, Pintura, Escultura...Voltei então a falar do Esporte e questionei se futebol, judo, basquete, acontecem da mesma maneira, e eles disseram que não, que no futebol fazemos gol, no judô golpes e no basquete cestas. Logo, expliquei que nas Artes também é assim: na pintura fazemos quadros, na dança coreografia, na música canções e perguntei "E no Teatro??????". Isso gerou respostas agitadas, e sempre houve um da turma que disse "Peças". Em cima disso, questionei o que são peças, e eles tentaram explicar do jeitinho deles, eu sempre agregando informações para que eles raciocinem a caminho da a resposta que quero alcançar...Joguei a isca "Peças contam o que???" e a resposta "Histórias" acabou surgindo. Questionei então se fazer peça é abrir um livro de histórias e ler em voz alta, e eles me corrigiram que nada disso, que temos que fazer a história. Da maneira enroladinha deles, eles se fazem entender e eu arremato: "Ah, então temos que ser um personagem da história, é assim?" E eles concordaram. Para conflita-los eu perguntei: "O que é um personagem?" e eles explicaram que é quem faz o teatro. Aproveito para deixar essa questão bem clara: Personagens são aqueles inventados por quem escreveu a história, e é quem a gente finge ser quando faz teatro. As pessoas que fazem o Teatro são os Atores, que interpretam os personagens. Para fixar bem o nome da profissão, eu recorro aos Esportes de novo e explico que quem faz qualquer esporte pode ser chamado de Esportista, mas que além disso, cada modalidade tem um nome diferente: jogador, nadador, judoca...Expliquei que na Arte, idem: todos são Artistas, mas cada Arte tem seu nome diferente: Cantor, Musico, Bailarino, Pintor...e Ator ou atriz (muitos deles falam Atora, é legal esclarecer!). Ao final desse papo, fiz as seguintes perguntas para que eles respondessem em coro:
"O que é teatro?" - Eles reponderam: Uma Arte.
"O que fazemos nessa arte?" - Eles responderam: Peças.
"O que contam as peças?" - Eles responderam: Histórias.
"De que jeito mesmo? Cada um sendo um..." - Eles responderam: Personagem.
"E quem é que faz isso mesmo?" Eles responderam: Ator e atriz.

Missão cumprida com sucesso, eles entenderam o que vão começar a fazer!

Aulas 1 - 3º, 4º e 5º ano (Anglo)

Essa semana retornaram as aulas do 3º ao 5º ano no Anglo - as três turmas são sensacionais, diga-se de passagem! Tenho em torno de 25 alunos em cada turma e as aulas duram 60 minutos...As aulas foram praticamente as mesmas para todas elas.


  • A principio batemos um papo informal sobre as novidades, relembramos as apresentações de final de ano onde pudemos avaliar internamente as sensações e os resultados que cada um teve ou sentiu como também as dificuldades. A maior dificuldade do processo de montagem relatada por 90% dos alunos foi decorar seus textos. Ainda é a parte mais massante e a que eles mais se preocupam em falhar (ainda que em nenhuma das apresentações isso tenha ocorrido). Diante disso, direcionei a aula para esse assunto tão "assombroso": memória.     
(Antes de dar sequência à narrativa da aula, segue abaixo foto do meu atual 3º ano quando representou "Peter Pan" no final do ano passado e do meu atual 5º ano que representou "Romeu e Julieta". Infelizmente da turma do 4º ano não recebi nenhuma foto, e como no dia da apresentação me preocupo com tanta coisa que esqueço de fotografar, fiquei sem...)  







  • Conversei bastante com eles sobre todos termos memória e que ela pode melhorar através de estímulos e exercícios. Costumo fazer uma comparação com a academia: quando mais faz exercício de braço, mas ele cresce! Sendo assim, explico que quanto mais o nosso cérebro se concentrar naquilo que devemos decorar, mais fácil isso se torna. Explico que o nosso cérebro é responsável por muitas coisas e que temos que facilitar pra ele...Dou pra eles 3 dicas sobre aquilo que queremos guardar bem: Olhar, escutar e manter o corpo parado. Faço isso pois eles tem o habito de enquanto estão tentando prestar atenção ou só escutam e olham pro chão, pro teto, pro amigo, ou então enquanto olham e escutam batem os pés, cutucam as unhas...Ou seja,coloco que o cérebro deles assim tem que registrar o que estão olhando além do que estão ouvindo. Assim como coordenar seus movimentos além de guardar o que está sendo dito. Nada mais é do que uma explicação lógica para a necessidade de total concentração! Atentos, eles concordam e proponho pra eles um teste.
  • O tal teste é o conhecido jogo "Eu vou pra lua". Para quem são sabe, é assim: Em roda, o primeiro aluno diz "Eu vou pra lua e vou levar um (e diz algum objeto da sua escolha)..O aluno seguinte deve repetir a frase e o objeto do colega e acrescentar o seu objeto, assim como o seguinte deve dizer o objeto dos dois colegas e acrescentar o seu, até que chega o ultimo deve dizer o de todos os anteriores. Eles se esforçaram, ficaram parados, olharam e escutaram a vez de cada um, e não erraram. Quando houve erro em alguma turma, sempre se tratou de um aluno muito agitado que não parou quieto, e é ótimo para usar de exemplo. Nesse caso, coloquei esse aluno no final da roda e dei a chance dele tentar se concentrar mais para que no final tente de novo (só que dizendo então o objeto de todos), e fiquei de olho neles sempre lembrando-os de sossegar e olhar pros amigos enquanto eles falam, assim quando chegou suas vezes novamente, eles acertaram, comprovando mais uma vez a teoria das 3 dicas. Gosto de depois do ultimo, fazer com que toda a roda fale junta o objeto de cada um, assim estimula que os primeiros alunos a falar (que não precisaram falar tantos objetos quanto os últimos) também prestem atenção até o final do jogo - e super funciona!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Aulas 1 - 5ºs anos (UME Santista)

Hoje, quarta-feira iniciamos com as crianças na UME (Unidade Municipal de Ensino) Colégio Santista. Vou falar um pouquinho com vocês sobre o trabalho que desenvolvo por lá e nossa realidade:
Oficialmente, trabalho com os 5ºs anos e a escola funciona em período Integral, em uma área de EXTREMA vulnerabilidade social aqui em Santos. A escola é de ensino infantil à 5º ano, logo minhas turmas são os mais velhos e por muitas vezes mais rebeldes, o que nunca me foi problema. Trabalho com 5 turmas: A, B, C e D, e dou de 3 a 4 aulas por semana em cada turma, aulas de 50 a 60 minutos. Explico isso, pois por lá o meu trabalho por muitas vezes não tem foco teatral, mas sim social. Utilizo o teatro como ferramenta para tentar de alguma maneira acrescentar e transmitir valores a essa turminha tão carente de tudo, e preciso dizer que por muitas vezes eles me surpreendem e acabam me levando muito além da questão social: se mostram atores interessados e realizamos espetáculos lindos por lá, ainda que não seja meu foco principal.

Hoje conheci as 4 turmas e a aula foi igual para todas, vou colocar pra vocês...


  • No início de cada aula eu me apresentei (99% já eram alunos da escola ano passado e me conheciam pelos corredores, sabiam meu nome e que minha aula é Teatro), coloquei algumas regras básicas de convivência sempre muito bem justificadas, acho que isso é o segredo pra disciplina seja na área da educação que for: não IMPOR, mas sim pedir e JUSTIFICAR. Por exemplo, se vou combinar que descer para o lanche é em ordem de tamanho, preciso justificar que não é pra separar os amigos que se adoram, mas sim, porque se eu deixar o João que é alto na frente do Pedro que é menor, eu durante a fila não conseguirei enxergar o Pedro e isso me fará parar diversas vezes quando eu olhar pra trás e não saber se ele está ali. Isso funciona muito bem, e em 7 anos de sala de aula eu sempre tive como qualidade conseguir manter com facilidade a organização e disciplina das turmas, usando essa estratégia. Bom, mas retornando à descrição da aula de hoje, fiz rapidamente alguns pedidos relacionados ao nosso convívio e após isso cada um, do seu lugar, me disse seu nome e respondeu algumas perguntas básicas minhas: Já fez teatro, gostou, não gostou, de que turma era ano passado, e ao final perguntando se eles querem falar ou perguntar alguma coisa. Esse bate papo informal pode parecer bobagem, porém É MUITO IMPORTANTE para que a gente já comece a identificar as dificuldades pessoais de cada um dos nossos alunos que são facilmente identificadas na sua maneira de falar, olhar durante o dialogo, volume de voz e capacidade de construir um papo coerente, além de começar a estabelecer uma relação de confiança conosco, ainda mais quando se trata de um publico como esse!
  • Terminado esse momento eu apresentei a eles uma cartolina que fiz com os dizerem "Em 2017 eu..." e falei um pouquinho com eles sobre sonhos, desejos. Sempre me uso como exemplo e expliquei que tenho muitos sonhos e coisas a realizar, e dou exemplos meus da maneira mais leve e próxima da realidade deles possível: algo que gostaria de comprar, de aprender, de ganhar, conhecer, etc...Para que eles entendam que sonhos podem ser qualquer coisa. Então pedi para que eles pensassem num sonho que eles queriam pra esse ano. Algo que até o fim do ano eles querem realizar, e não um sonho pra vida, pra quando for adulto. Enfim, pedi para que pensassem naquilo que eles mais desejam e entreguei Post-its para que cada um deles escrevessem ali seus desejos. Eu também participei fazendo o meu, e algo que acho importante: ELES NÃO PODIAM SE IDENTIFICAR NO PAPEL, isso faz total diferença com esse publico. Se eu obrigasse a por nome, eles não se abririam e não se sentiriam seguros. Se eu falasse que era opcional, quem não quisesse não se sentiria a vontade de não ter se identificado. Por isso, foi proibido colocar nome. As respostas foram as mais variadas: um iphone, uma chuteira, um colchão, saúde, se aproximar de Deus, pai sair da cadeia, jogar futebol, mais passeios com a escola, conhecer a Selena Gomes, viajar para algum lugar e até um papel com "Nada" eu recebi (e foi um dos que mais me preocupou...). Assim que eles me entregaram eu colei um a um na cartolina.
  • Então eu li em voz alta todos os post-its, mas antes eu explique que se alguém quisesse levantar a mão e falar "é meu" quando eu lesse o seu, que poderiam. Isso aconteceu muito pouco hoje, mas era preciso deixar que os que gostam de se expor, o façam de maneira livre. Essa atividade é muito bacana primeiro porque é a primeira "voz" que dou a eles, numa relação segura e confiável e que os faz olhar pra dentro e refletir sobre si mesmo, ainda que seja de maneira ainda tão superficial. Eles não estão acostumados com essa prática, que vem a ser mais adiante extremamente necessária para o Teatro e vem a ser importante nas suas formações como ser humano.
  • A cartolina foi colocada na parede da sala e eu expliquei que aqueles sonhos são os que vão nos nortear o ano todo, que toda vez que a gente pensar ou sentir algo ruim, devemos olhar pra eles e lembrar que para alcançar nossos objetivos temos que ser merecedores e que, a cada coisa bacana que a gente faz a gente caminha um passo em direção aos sonhos, e a cada coisa ruim, andamos um passo atrás. Ou seja, além de ser uma atividade que durante sua execução tem a sua reflexão, ela pode ser utilizada como ferramenta motivadora ao longo do ano inteiro com os alunos.
Tirei fotos dos cartazes e vou colocar para vocês, esqueci apenas de bater foto hoje de uma das turmas!





Aula 1 - Infantil (Pecompê)

Essa semana retornei às aulas na Pecompê. A escola é de ensino infantil, muito bacana e eu lá trabalho com aula EXTRA, ou seja, fora da grade e apenas os alunos pagantes a parte é que fazem, diferentemente do Anglo e da UME Santista que é parte da grade de aulas da escola! Tenho alunos de Infantil 2 à Infantil 5 mesclados (2 a 5 anos) e a aula dura 60 minutos. Como eu já trabalhava lá ano passado, alguns alunos da turminha essa ano já faziam Teatro ano passado e tem alguns novos na turminha esse ano!

A primeira aula foi parecida com as aulas descritas do Anglo anteriormente, mas com alguns detalhes diferentes por já conhecer o meu público de lá, então ficou assim:


  • Com a turma da Pecompê também tenho o hábito de iniciar a aula deixando-os que falem, assim como no Infantil do Anglo e pelos mesmo motivos. Então nessa primeira aula eles me contaram novidades das férias e assuntos gerais, as quais, lembrando, eu sempre reajo com muito interesse e estimulo fazendo ao menos 2 perguntas sobre o que eles me contam, seja o que for.
  • Após esse momento voltei atenção para o motivo do nosso encontro, o Teatro, e os alunos antigos me ajudaram a explicar para os novos o que mais ou menos costumamos fazer: historinhas, fantoches, brincadeiras, etc. Em seguida eu mostrei a imagem das máscaras do Teatro questionando se eles sabiam o que era aquilo. Ano passado eu não trabalhei-as com eles, então era novidade para todos. Assim que eu a mostrei eles identificaram que eram máscaras e uma estava feliz e outra estava "brava", segundo eles. Expliquei que se tratava do símbolo do Teatro e aproveitei alguns objetos que temos na sala como por exemplo, uma bola e perguntei o que ela lembrava. Eles responderam futebol, claro! Então eu disse que assim como a bola lembra o futebol, as duas máscaras juntas lembram Teatro. 
  • Sentei com eles para analisarmos as máscaras de perto e conversamos sobre o porque elas serem uma feliz e uma triste. Estimulei o papo e chegamos a conclusão de que no Teatro, as vezes a gente faz um personagem bonzinho e as vezes um malvado, assim como as máscaras. Logo, temos as comédias e as tragédias. Dessa maneira, propus nos levantarmos e caminhamos pela sala sob meu comando de voz, primeiramente como personagens bons felizes, depois como personagens maus ou tristes. Acabei brincando com outras emoções pois eles adoram essa prática: frio, dor, calor, bravo, sono, etc.
  • Sentamos novamente e entreguei uma folha de atividade das máscaras (a mesma utilizada na Aula 2 - Infantil Anglo) e decoramo-as com muita empolgação.
  • Ao acabar a decoração, sentamos em formação de palco-plateia e um aluno de cada vez foi ao palco e eu propus no ouvido de cada um deles baixinho uma emoção a ser encenada para os amigos adivinharem. Após cada um realizar, a plateia bateu palmas e o ator recebeu sua folha decorada de volta para levar para casa.
Por ser uma aula mais longa, e por as crianças estarem um pouco mais cansadinhas por a aula ser no fim do dia e também por se tratar de um público que AMA levar coisinhas pra casa, eu adaptei a folha da atividade já para essa primeira aula para dar uma estimulada na turminha!
Qualquer dúvida, mandem mensagens!



Aula 2 - Infantil (Anglo)

Boa noite, profes!!!

A segunda aula do ano com os pequeninos do Anglo foi direta e simples! Dando sequencia ao conteúdo da aula anterior, onde enfatizei com eles as emoções partindo do símbolo das máscaras do Teatro, eu nessa semana levei pra eles uma atividade prazerosa a fim de que eles fixem bem a ideia das máscaras por ser um simbolo tão pouco familiar na nossa cultura, porém mundialmente conhecido e um identificador da arte em questão.


  • Preparei uma folha para cada um com um pequeno conteúdo e o desenho das máscaras para que eles colorissem e enfeitassem à sua maneira. Ao iniciar, estimulei suas memórias para que lembrassem da aula anterior e contei de maneira breve e infantil sobre o uso das máscaras no Teatro, na Grécia antiga, conforme o conteúdo que inseri na folha de atividade que fiz pra eles. Abaixo a folha de atividade que montei e umas fotinhas dos alunos realizando a atividade.

PS: Levei glitters, lantejoulas, lapis de cor, canetinhas coloridas...Quanto mais coisas, mais eles curtem!





quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Aula 1 - 1º e 2º ano (Anglo)

Olá leitores!!!

Como disse a vocês essa semana não estou na rotina de dar todas as aulas, então tirando a do Infantil que já coloquei pra vocês, foram aulas só para o 1º e 2º ano do Anglo! Elas foram bem parecidas, vou descrever aqui! Cada turma tem em torno de 25 alunos e a aula tem duração de 50 minutos.

O 2º ano praticamente inteiro é composto por alunos meus do ano passado, que, diga-se de passagem, arrasaram na apresentação de final de ano, montamos o Pequeno Príncipe e foi um sucesso. Todos decoraram os seus textos e fizeram sua parte da maneira mais graciosa possível. Segue foto dos pequenos:



  • Bom, com eles, iniciei me apresentando aos alunos novos e após esse momento deixei que cada um deles fosse à frente da turma (formato palco/plateia que eles já estavam acostumados) discursar sobre o que mais os agradou nas suas férias. No caso deles, não é uma pratica que acontece em toda aula, como nos pequenos do Infantil. Mas como se trata de um retorno às aulas cheio de ansiedade e novidade, dei esse espaço para que eles se comunicassem, sempre pontuando o volume da fala e a postura para a plateia, conforme eles já aprenderam no ano anterior.
  • Passado esse momento eu retomei o tema Teatro e pedi para que eles me falassem o que é Teatro pra eles. Vieram respostas como “Apresentação, Palco, Fantoche, Figurino, Ensaio”, tudo relacionado ao que trabalhamos no ano passado, como o esperado. Respostas soltas, porém cabíveis, o normal para a idade deles. Anotei-as na lousa, e então era a hora de conectar as informações para que eles começassem a entender o funcionamento da coisa. Sempre estimulando no diálogo que eles mesmo respondessem aquilo que eu gostaria de colocar. Chegamos assim à conclusão de que Teatro é uma maneira de contar uma história só que diferente de ler um livro, pois no Teatro cada um é um personagem daquela história e a interpreta, utilizando fantoches, figurinos, cenário, para que a história se torne mais verdadeira.
  • Então para questiona-los ainda mais, usei a história da Chapeuzinho Vermelho e perguntei como seria tira-la do livro e transforma-la em Teatro. Começou o agito sobre os personagens e chegamos a 5 nomes: Chapeuzinho, Lobo, Mamãe, Vovó e Caçador. E fui estimulando pedindo o próximo passo, que eles colocaram como “escolher quem vai ser quem”. Separei 5 alunos e trouxe a frente da sala, perguntando o que faltava agora. E eles responderam que “as falas”. Logo, os posicionei nas laterais da frente da sala, enfatizando a questão do silêncio na coxia (coisa que eles já aprenderam) e fui ao centro começar uma simples narrativa de: “Era uma vez uma menina chamada chapeuzinho vermelho....(e conduzi a aluna que faria a Chapeuzinho ao centro)...e sua mãe naquele dia tinha uma missão pra ela..."(entrou a mãe). NESTE MOMENTO EU COCHICHEI NO OUVIDO DA ALUNA/MAMÃE A FALA: “CHAPEUZINHO, VENHA CÁ”, E FIZ O MESMO NO DA CHAPEUZINHO: “O QUE FOI MAMÃE?”....E ASSIM POR DIANTE ATÉ O FIM DA HISTÓRIA. Resumindo, conduzi a movimentação deles segurando suas mãozinhas para entrar e sair de cena e suas falas nos ouvidos. (Eles adoram essa prática! Tanto “atores” quanto “plateia” ficam empolgadíssimos e aplaudem muito ao final.)
  • Terminando, dialogamos sobre no dia de uma apresentação de verdade não ter “a tia” pra falar no ouvido ou pra segurar as mãozinhas dele, lembrando que eles estudam as falas em casa e treinam tudo com a tia na aula, até o dia de mostrar pras mamães e famílias. Dessa maneira divertida e leve, retomamos em palavras o que é de fato fazer Teatro e como isso é feito.


Já o 1º ano era 90% desconhecido pra mim, exceto 4 alunos que ano passado faziam teatro comigo no infantil.
  •  Como os alunos são de 5 a 6 anos, ainda imaturos, iniciei a aula me apresentando e questionando quem já foi a um Teatro. Como sempre, alguns já foram, outros não e então eu fiz uma relação que costumo fazer, que é com o Cinema. Desenhei as poltronas na lousa e expliquei que no local do telão, no Teatro é um palco e no lugar do filme são pessoas fazendo a história na sua frente. Ou seja, público assiste quietinho na plateia assim como num cinema e quem está em pé no palco fala para o público ouvir.
  • Compreendido os espaços de palco e plateia, partimos para experimentação desses espaços: um a um dos alunos foi convidado ao “palco”, expondo para a plateia o seu nome, sua idade, escola de onde veio e o que mais gostou de fazer nas férias (eles adoram esse tema nesse início!). É bacana nesse momento pontuar volume, postura - eles tendem a ficar de lado ou a falar baixinho, e é um momento para já direciona-los para discursar. Assim como é importante pontuar aos sentadinhos (público) que eles devem assistir quietinhos o que o “ator” tem a dizer. É a primeira relação entre ser ator e ser público, que se repetirá muito ao longo das aulas, visto que para um teatro acontecer, precisa-se de público para assistir. Cabe ao professor já perceber quais alunos tem mais facilidade e mais dificuldade em se comunicar, seja por dificuldades na fala, ou timidez, como também dificuldade de atenção, ou em paciência ao esperar sua vez, enfim, é um ótimo momento para avaliar informalmente os pequenos.
  • Após esse momento, retomei a conversa sobre o que costuma acontecer no palco do Teatro, e conto a eles que são historinhas. E então cito com eles também a clássica história da Chapeuzinho Vermelho, onde todos os personagens e o enredo são familiares, convido então 5 alunos e começamos a montar da mesma forma feita com o 2º ano, o teatrinho. Eles se encantam e, como é a primeira aula deles, acho importante eles terem esse contato, ainda que superficial com histórias e brincar de personagens, para não criarem a primeira impressão de que a aula de Teatro é só conversa, quando na realidade ela é muito prática.

É basicamente isso, as primeiras aulas com o 1º e o 2º foram fluentes, gostosas e super dinâmicas!!!
Semana que vem tem mais, com as 3 escolas e todas as turmas de volta e a todo vapor!!!



Até mais!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Aula 1 - Infantil (Anglo)

Atualmente trabalho em 3 lugares diferentes: No colégio (particular) Anglo Santista, com uma turminha de educação infantil e com 5 turmas de fundamental: de 1º a 5º anos. Na UME Colégio Santista (público) com os 5ºs anos – e eventualmente outras séries do fundamental 1, e na Escola Pêcompê (particular), com uma turminha de ensino infantil.
Apesar de estarmos em 1º de fevereiro, minha rotina de aulas ainda não voltou ao normal, essa semana só darei aulas para o Ensino Infantil, 1º e 2º ano do Anglo. As demais turmas voltaremos na semana que vem. Mas já vou descrever essas primeiras aulas para vocês e dar algumas outras sugestões de “primeiras aulas”.


Ensino Infantil – Anglo

Na primeira aula do ano com a turminha do Infantil, a maioria dos alunos já eram meus no ano passado, porém haviam alguns alunos que eu não conhecia. Se fosse o caso de uma turma completamente nova, a aula aconteceria de maneira diferente (darei dicas num próximo post), mas não foi o caso. Sobre a idade, é ensino infantil mesclado, logo tenho alunos de 2 a 6 anos em média, não posso dizer com muita exatidão. A aula dura de 50 min a 1 hora.

  • Eu inicio sempre as aulas com os pequenininhos os deixando falar. Costumo sentar em roda com eles e um de cada vez me conta as novidades da semana, se assim quiserem. Primeiro porque como nossos encontros são semanais eles ficam muito eufóricos ao me ver e depois que eles se expõem, geralmente se acalmam para que possamos trabalhar. Segundo porque acredito que nessa fase é extremamente importante estimular a comunicação verbal deles, por isso os escuto e interajo com muita empolgação sob tudo que eles falam.
  • Após essa conversa, desenhei bem grande na lousa as máscaras símbolo do teatro: a sorridente (comédia) e a triste (tragédia). Curiosos, eles logo desvendam os desenhos falando que é alguém feliz e alguém triste, ou um bonzinho e um malvado. Expliquei que aquele é o símbolo do teatro e, para que eles entendessem melhor o que é um símbolo, desenhei símbolos mais familiares a eles para que eles liguem aos seus significados, como por exemplo uma nota musical, uma bola, um coração. Assim que entenderam e relacionaram, voltei às máscaras e brincamos com ambas as expressões, onde eles imitaram ora uma máscara, ora outra. Assim, comecei a falar sobre essas duas emoções, sobre o que é ser feliz, o que é ser triste. Primeiro com a feliz, questionei a cada um deles o que os deixa feliz (e essa parte pode ser muito divertida), um a um, iniciando sempre por mim. Depois nos levantamos e pedi para que eles caminhassem pela sala de maneira livre e fui aos poucos pedindo para que eles se lembrassem daquela coisa feliz que me contaram, que imaginassem que ela estava acontecendo. Aos poucos surgiram sorrisos e passos empolgados. Depois nos sentamos, e fiz a mesma coisa com o triste, primeiro o diálogo e depois a caminhada. Ao final da caminhada triste, nos sentamos para reflexão.
  • Na roda, estimulei a lembrança de outras emoções, outras “coisas que sentimos” e surgiram respostas como fome, preguiça, frio, calor, susto, braveza. Então levantamos e sugeri, uma a uma que caminhássemos como se estivéssemos sentindo essas emoções. Ao final, nos sentamos e pontuei que cada emoção que escolhemos, fazia nosso corpo ficar diferente. Fizemos em estátua cada uma delas e essa descoberta costuma ser bem divertida pra eles.
  • Depois de entender que a emoção cria um corpo eu trouxe à tona personagens. Perguntei se um personagem como o lobo faminto poderia caminhar como alguém feliz (e claro, fiz o movimento). Eles, é claro, negaram. E então me ensinaram como um lobo faminto caminharia. Logo, eles fazem a ligação entre corpo X emoção X personagem. Assim, cada um veio a frente da sala “imitar” o seu personagem pensando na emoção que ele sente. Surgiram princesas, cavaleiros, monstros e eles mesmos deveriam adivinhar quem era o personagem do colega. Lembrando que é bacana nesse momento destacar espaço palco e espaço plateia, os sentados assistem e esperam sua vez, o de pé é o ser que atua.
  • Ao final da aula, tenho como costume junta-los em roda (de pé), dar as mãos, fazer o agradecimento habitual dos atores em finais de espetáculo (abaixando o tronco) e depois, aplaudirmos. É uma maneira deles fixarem essa cultura.


Acho que é isso, qualquer dúvida, fiquem à vontade!!!







O que é esse blog?

Olá, arte educadores do nosso Brasil! Resolvi criar esse #diáriodeaulas a fim de colaborar com todos que assim como eu, tentam dia após dia levar um pouco de Arte aos nossos pequenos grandes alunos...Colaborar de maneira prática e direta, compartilhando meus planos de aula e seus resultados diariamente, algo que sinto muita falta dentro da área Teatro Educação.
Apesar de estar no meu 7º ano lecionando, ainda encaro diversos desafios, creio que por ser uma área onde não há muitas fontes de pesquisa e estudo.
Me formei em Artes Cênicas e na minha faculdade me prepararam para ser uma Atriz, uma Diretora, quem sabe Produtora Cultural...Mas nada aprendi sobre pedagogia, questões de formação e tão pouco de didática teatral. Sou pós-graduada em História da Arte, o que me trouxe algumas referências do Ensino e Aprendizagem da Arte, mas nada muito específico de Teatro.
O conhecimento que adquiri para a prática, conquistei no meu dia a dia trabalhando e experimentando, carregando também referências que dos meus professores e colegas do Teatro, e de alguns poucos livros voltados para o tema.
Defendi no meu Artigo Científico da pós a necessidade do Ensino e da Aprendizagem do Teatro Educação, posso disponibilizar a vocês, caso se interessem, afinal tão importante quanto saber o que fazer, é saber o porquê estamos fazendo. Vou colocar abaixo a introdução do trabalho que creio que dê uma boa ideia do motivo que me leva a fazer o que faço e a criar esse espaço de multiplicação com vocês:

“O tema do artigo propõe uma reflexão sobre a importância do ensino da Arte Teatral no ambiente escolar, apresentando algumas possibilidades, a partir da nossa própria prática, de como o teatro pode contribuir com a sociedade, educação e cultura através da sua aplicação tanto como ferramenta de ensino, quanto como ferramenta de formação de futuros cidadãos e até mesmo futuros artistas.
Sabemos que a história da origem da Arte é quase tão antiga quanto a história da humanidade e que durante toda sua trajetória modificaram-se por muitas vezes a função que a Arte representa ao povo. Desde o início da sociedade de classes a Arte passa a ser colocada à serviço de interesses sociais e a partir daí se torna inquestionável a eficácia da aprendizagem através dela. Incluímos em Arte a linguagem teatral, que com seu grande potencial representativo vêm alcançando também desde seus primórdios os mesmos resultados. Sendo assim, explorar esse potencial e utiliza-lo em prol da formação de futuros cidadãos de um país pode vir a contribuir de maneira transformadora no futuro da sociedade.
A partir de estudos da História da Arte e da História do Teatro, principalmente das obras de Ernst Gombrich, Margot Berthord, Edwaldo Cafezeiro e Carmem Gadelha e também a partir de estudos voltados à propostas e metodologias do Ensino das Artes e do Teatro no Brasil e no mundo, especialmente as das autoras Ana Mae Barbosa, Olga Reverbel e Viola Spolin, busca-
se correlacionar esses dados e criar maior eficiência na prática do Ensino e Aprendizagem do Teatro.

Levando-se em consideração que: "Num país onde os políticos ganham eleições através da televisão, a alfabetização para leitura de imagem é fundamental" (BARBOSA, 1995), pressupõe-se que o exercício da prática teatral baseado na observação e capacidade de se colocar no lugar do outro (ao representar personagens e situações), traz uma maior compreensão de mundo, transferindo essa habilidade para a vida de quem o pratica, formando então cidadãos com maior capacidade de leitura e julgamento.”

Enfim, espero que esse espaço colabore de maneira informal com os formados da área teatral que acabem, como eu, entrando na área da educação e também a profissionais da área da educação que queiram utilizar o teatro como ferramenta em sala de aula.

Bom ano letivo para nós, nas próximas postagens virão as descrições das aulas!