Nessa aula dei início a um processo que será longo, onde
trabalharemos as diferentes funções das Artes Cênicas e suas especificidades.
Pontuei com eles algumas dessas funções (Ator, Diretor, Autor, Sonoplasta,
Iluminador, Figurinista, entre outros) e defini que primeiro trabalharemos a
função do Ator.
Essa atividade levará de 3 a 4 semanas, comecei apresentando
pra eles as principais funções de um ator em cena. O ator em cena tem que
deixar claro sempre 3 propriedades:
QUEM – quem/como é o seu personagem;
ONDE – onde aquela história de passa;
O QUE – quais são as ações as quais seu personagem vivencia.
Expliquei que o QUEM deve ser transmitido muitas vezes de
maneira indireta, ou seja, não contada e sim MOSTRADA. O corpo nos ajuda nessa
função, bem como a voz. Exemplifiquei: Com nosso corpo e voz podemos indicar
nossa idade – questionei sobre como um IDOSO caminha, rápido ou devagar?, como
é a postura do seu corpo, reta ou curvada?, como é sua voz, enérgica ou mais
fraca? – o mesmo pode ser aplicado para qualquer faixa etária. Exemplifiquei
também sensações: - quando estamos com CALOR, como nosso corpo caminha,
disposto ou cansado?, como nosso rosto reage?, quais gestos podemos fazer para
dar sinais de calor? (CUIDADO COM OS CLICHÊS) – e o mesmo pode ser feito com
qualquer sensação, emocional ou física.
É IMPORTANTE CITAR QUE TUDO O QUE EXEMPLIFIQUEI, EXECUTEI
DIANTE DOS ALUNOS. Eles se surpreenderam ao perceber que o ator tem que se
preocupar com tudo isso, além do tão temido por eles, texto!
Prosseguimos para o ONDE. Coloquei pra eles que muitas vezes
o local não vem escancarado no texto falado, e o ator é que tem que dar umas
dicas de onde essa história se passa na plateia. Como nos portamos
corporalmente quando estamos em nossa casa? Como nos portamos quando estamos em
um lugar que nos assusta? Em um local que estamos desconfortáveis? Se for um
lugar alto, que dica corporal podemos dar para indicar isso à plateia?
Sobre o O QUE, a mesma coisa: quais ações tenho que fazer e
de que maneira posso usar meu corpo para torna-las mais claras?
Coloquei tudo isso pra eles e expliquei que essas funções
quando se trata de um texto pronto se tornam mais fácil, pois o texto vem cheio
de apoios para nosso trabalho. Mas que quando o ator tem que fazer uma cena
improvisada/exercício de improviso ele tem que mostras essas três propriedades
e usar da criatividade para nas suas falas, deixar claro cada uma dessas
propriedades sem falar de maneira direta. É bacana exemplificar de alguma
maneira – Fiz assim: Imaginem que sou uma VELHINHA (QUEM), em um HOSPITAL
(ONDE) indo fazer um EXAME (O QUÊ). Posso chegar na plateia e dizer “Oi sou uma
senhora de 79 anos, estou num hospital e vou fazer um exame hj”??? Eles mesmo
negaram e eu refiz; uma cena onde eu caminhava com dificuldade e falava com a
mesma dificuldade e sentava-me numa cadeira, reclamando que a sala de espera
estava muito cheia (o que já dá a pista da minha idade e do local onde estou),
após isso retiro do bolso com papel e tento ler sem sucesso, e peço ajuda a
alguém imaginário para confirmar o horário do meu exame (o que confirma onde
estou, quem sou e indica o que estou fazendo ali.)
Após toda essa conversa, entreguei 3 pedaços de papel para
cada um e pedi para que em um eles colocassem um QUEM – combinamos que poderia
ser alguém indicado por uma faixa etária ou por uma profissão. No outro um ONDE
– relembrando que não se trata de nomes de cidades/países/etc, mas sim
ambientes. E no ultimo um O QUÊ – sempre um verbo, uma ação. Recolhi os papeis
e os coloquei em 3 envelopes diferentes, o envelope dos QUEM, dos ONDE e dos O
QUÊ. Avisei que na próxima aula continuaríamos a atividade, e assim encerramos!
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